Demorei pra entrar no ritmo de copa. No primeiro jogo (nem os times recordo), dia dos namorados, acabei não percebendo um ou o outro, imersa em minhas resoluções de trabalho e de vida. No dia, fiz um jantar que quase acabou em um fiasco, não fosse uma santa amiga a se compadecer de toda aquela fartura que não podia - nem foi - desperdiçada.
No segundo jogo, dia seguinte a um "desastre" com meu carro, passei a manhã resolvendo isso, alheia, até que amigos me acolheram. Novamente gritos e ansiedades que fazem meu coração saltar - já vivo grandes emoções, portanto, evito as que posso.
Ontem, finalmente, desejei ver o dito terceiro jogo. Marquei com amigXs, vesti a tal camisa oficial que meu pai me deu, mesmo depois da promessa de que não viveria a Copa.
Dormi.
Acordei quase na hora do jogo.
Tarde demais pra entrar no bar que havia combinado. Decidi dar uma volta de carro.
Pude viver o privilégio de sentir o ar puro da cidade sem nenhuma viva alma, coisa rara de se ver, mesmo aos domingos mais solitários. Quando percebia alguém, era quase como um código predeterminado para manter o silêncio e fingirmo-nos parte daquela paisagem, sem interferências. A água do rio estava lisa, e podia-se ouvir as folhas em festa a cada corrente de ar que insistia em brincar entre elas. Meus cabelos, que preferi deixar livres, também faziam um balé e cada ser ou objeto estava livre para ceder àquela força da natureza, que ornava magnificamente com a luz âmbar e céu anil daquele fim de tarde.
Cor. Movimento. Som e silêncio.
:)