24 junho 2014

De volta ao começo

Que me perdoem os amantes do futebol, mas tal esporte nunca foi meu forte. Gritar e se descabelar para um bando de ferozes atrás de uma bola, com o intuito escuso de evitar as guerras, tomadas pela testosterona, naturalmente, não me apetece.

Demorei pra entrar no ritmo de copa. No primeiro jogo (nem os times recordo), dia dos namorados, acabei não percebendo um ou o outro, imersa em minhas resoluções de trabalho e de vida. No dia, fiz um jantar que quase acabou em um fiasco, não fosse uma santa amiga a se compadecer de toda aquela fartura que não podia - nem foi - desperdiçada.

No segundo jogo, dia seguinte a um "desastre" com meu carro, passei a manhã resolvendo isso, alheia, até que amigos me acolheram. Novamente gritos e ansiedades que fazem meu coração saltar - já vivo grandes emoções, portanto, evito as que posso.

Ontem, finalmente, desejei ver o dito terceiro jogo. Marquei com amigXs, vesti a tal camisa oficial que meu pai me deu, mesmo depois da promessa de que não viveria a Copa. 

Dormi.

Acordei quase na hora do jogo. 

Tarde demais pra entrar no bar que havia combinado. Decidi dar uma volta de carro.

Pude viver o privilégio de sentir o ar puro da cidade sem nenhuma viva alma, coisa rara de se ver, mesmo aos domingos mais solitários. Quando percebia alguém, era quase como um código predeterminado para manter o silêncio e fingirmo-nos parte daquela paisagem, sem interferências. A água do rio estava lisa, e podia-se ouvir as folhas em festa a cada corrente de ar que insistia em brincar entre elas. Meus cabelos, que preferi deixar livres, também faziam um balé e cada ser ou objeto estava livre para ceder àquela força da natureza, que ornava magnificamente com a luz âmbar e céu anil daquele fim de tarde.

Cor. Movimento. Som e silêncio.










:)