27 outubro 2009

Tesão é isso.

Não basta a agudeza intelectual para descobrir uma coisa nova. Faz falta entusiasmo, amor prévio por essa coisa. O entendimento é uma lanterna que necessita ser dirigida por uma mão, e a mão necessita ser mobilizada por um anseio pré-existente para este ou outro tipo de possíveis coisas. Em definitivo, somente se encontra o que se busca. E o entendimento a encontra porque o amor busca.
(Ortega Y Gasset)

16 outubro 2009

Todo mundo tem o que deseja.

Estou eu em mais um dia conturbado, daqueles que nos faz refletir sobre o rumo que a vida tem tomado. Cansada. De doação sem retorno, exaurindo minhas energias com coisas e pessoas que não valem a pena, situações sem futuro e dispensando as que darão resultado.

A gente sabe quando a dedicação é recíproca, pois um dia soube os itens que qualificavam reciprocidade.

Aí você se enxerga percebendo tudo, sentindo tudo, enquanto os outros estão completamente alheios.

É bem um negócio instigante que leva a pensar nos mecanismos loucos que gerenciam as atitudes humanas.

Pra ter sucesso, temos que sentir primeiro a dor; homem só gosta de mulher difícil; a gente só dá valor quando perde; fazemos alguém pensar mais quando calamos, do que quando falamos... O mundo acontece todo ao contrário!?

Dispensamos horas de nossas curtas vidas driblando algo que não deveria precisar ser driblado! Temos que organizar nosso cérebro e educá-lo para jogar o tempo todo!

Cansada.

Exaurida.

Escrevo.

Meus gritos internos parecem não fazer efeito! Estou trancada num cubo dotado de isolamento acústico, onde poucos sabem entrar. Os que sabem, logo perdem a habilidade de ir e vir. Saem e não conseguem voltar mais. Acho que se cansam. Creio que e ocupam com seus próprios jogos de driblar.

Insisto.

Logo desisto.

Deve ser mais divertido jogar.

Então, aí vou eu.

06 outubro 2009

Cada um nasce para o que é.

Essa semana deparei-me com minha mãe, numa de nossas poucas conversas sensatas, a afirmar categoricamente que eu nasci no lugar errado.
Coloquei-me a pensar. Veja bem, não sou daquelas que lamenta dia e noite o infortúnio de estar onde estou, ou a falar mal do meu local de origem, esmiuçando as suas mazelas atribuídas a este ou àquele governante.
Meu questionamento é mais profundo e (eu diria até) romântico. Constantemente surpreendo-me imersa numa "estratégia de marketing oculta"(?). Encontro a míngua de conviver com pessoas, vivenciar situações que antes de ter o mínimo contato com os mesmos, ignorava sua elementaridade em minha existência. Marketing. As situações "criaram" em minha consciência a incontrolável necessidade de palpar coisas que eu nem sabia existirem.
Enfim. Esta gana está aí, pairando em meus desejos mais ocultos de liberdade do conhecer. Sinto que o cerco se fecha. O divisor de águas fica cada dia mais evidente e, enquanto de um lado há um emaranhado turvo de idéias que beiram a loucura, na outra margem floresce um senso de clareza, transparência no qual meus intuitos mais verdadeiros aplicados efetivamente no crescimento do ser de modo intelectual, espiritual, psicológico, evolutivo, levam-me a enxergar em mim o início de uma onda, que teve origem em uma pequena pedra jogada despretensiosamente na água, e assume uma magnitude com o passar do tempo, ao encontrar obstáculos multiplicando-se em inúmeros outros ímpetos.
Vejo que cada atitude ou "não-atitude" terá uma consequência e preciso de meios para doar o melhor.
Aqui, no lugar errado, ou nos lugares certos que já me encontrei.
Paris, África, Japão, Inglaterra, ou mesmo no Rio, a matemática que me rege anseia por encontrar essas tantas outras fórmulas de pessoas, que, combinadas à minha, resultarão em crescimento, expansão, preenchimento desses seres que, segundo algumas politicamente incorretas teses, são desprivilegiados, inclusive, pela genética.
Seria eu um deles ou sabia é minha mãe?