06 outubro 2009

Cada um nasce para o que é.

Essa semana deparei-me com minha mãe, numa de nossas poucas conversas sensatas, a afirmar categoricamente que eu nasci no lugar errado.
Coloquei-me a pensar. Veja bem, não sou daquelas que lamenta dia e noite o infortúnio de estar onde estou, ou a falar mal do meu local de origem, esmiuçando as suas mazelas atribuídas a este ou àquele governante.
Meu questionamento é mais profundo e (eu diria até) romântico. Constantemente surpreendo-me imersa numa "estratégia de marketing oculta"(?). Encontro a míngua de conviver com pessoas, vivenciar situações que antes de ter o mínimo contato com os mesmos, ignorava sua elementaridade em minha existência. Marketing. As situações "criaram" em minha consciência a incontrolável necessidade de palpar coisas que eu nem sabia existirem.
Enfim. Esta gana está aí, pairando em meus desejos mais ocultos de liberdade do conhecer. Sinto que o cerco se fecha. O divisor de águas fica cada dia mais evidente e, enquanto de um lado há um emaranhado turvo de idéias que beiram a loucura, na outra margem floresce um senso de clareza, transparência no qual meus intuitos mais verdadeiros aplicados efetivamente no crescimento do ser de modo intelectual, espiritual, psicológico, evolutivo, levam-me a enxergar em mim o início de uma onda, que teve origem em uma pequena pedra jogada despretensiosamente na água, e assume uma magnitude com o passar do tempo, ao encontrar obstáculos multiplicando-se em inúmeros outros ímpetos.
Vejo que cada atitude ou "não-atitude" terá uma consequência e preciso de meios para doar o melhor.
Aqui, no lugar errado, ou nos lugares certos que já me encontrei.
Paris, África, Japão, Inglaterra, ou mesmo no Rio, a matemática que me rege anseia por encontrar essas tantas outras fórmulas de pessoas, que, combinadas à minha, resultarão em crescimento, expansão, preenchimento desses seres que, segundo algumas politicamente incorretas teses, são desprivilegiados, inclusive, pela genética.
Seria eu um deles ou sabia é minha mãe?